domingo, 8 de janeiro de 2017

Entrevista com a banda Rapadura do Nordeste

Sempre recebo alguns releases de bandas que não se "enquadram" no perfil do blog Tosco Todo. Algumas poucas eu abro a exceção e publico por aqui, como foi o caso das bandas Old Stove e da Branco ou Tinto. Também recebo alguns materiais de bandas que mesclam estilos diversos ao som que fazem. Esse ultimo perfil, é o caso da banda Rapadura do Nordeste. Formada em Salvador, eles misturam batidas do rock, com letras de protesto que se encaixariam em qualquer banda de punk rock, com uma forma de cantar tipicamente nordestina. Recentemente lançaram um EP, e conversei com a banda sobre isso e sobre a história da banda. Acompanhe aí!

Da esquerda p/ direita; Uiá (guitarra) Tonka (baixo), Melado (batera), Sinho (voz) e Tim (voz)
A banda surgiu em 1998, parando de tocar alguns anos depois. Nos fale um pouco dessa época. E porque a banda ficou tanto tempo fora do circuito?
A banda surgiu no bairro do Beirú, Tancredo Neves, tínhamos entre 13 e 16 anos na época, acho que o mais novo na época era Uiá (guitarrista), que também já entrou depois , mas nesse período a banda passou por diversas formações, coisa de adolescente mesmo. Um entrava, depois saia. Todos eram amigos e somaram imensamente com o som. Tem um pouco de todos.
Depois de certo tempo, as condições adversas inviabilizaram o projeto. Mudança de cidade, compromissos que chocavam com os horários, desinteresse de alguns, falta – principalmente – de estrutura como um todo. Afinal, alem de tudo, somos uma banda de origem humilde, raízes na resistência. Então na época, tínhamos nossas limitações. A banda fez algumas apresentações nesse período, em eventos legais da época como no "Chá da lua", Festival da Aldeia hippie de Arembepe, Ex-passo Cultural, etc...

Agora a banda voltou à ativa, com um EP lançado no final do ano passado. De onde surgiu a ideia desse reencontro entre vocês?
A ideia surgiu de certa forma pelo acaso. Depois de muitos anos parados, cada um com seus trâmites de vida, tínhamos os contatos um dos outros, pois acima de tudo, sempre fomos amigos de infância e de ideais. Mas faltava uma peça para as coisas catalisarem, apesar de não contarmos com isso. E depois de anos, retomamos algumas conversas, contatos, e fomos amadurecendo a ideia de nos juntarmos por diversão, sem compromisso. Como se fosse nosso "baba" quinzenal, e as coisas foram se encaixando. Então tivemos a ideia de expor um pouco do nosso som. Ver como as coisas andam.
Quais as principais influências, seja na musicalidade, quanto nas letras?
Influências? Tudo que a gente ouve né, principalmente na fase de adolescente. Pô, essa é a fase que se molda muito da personalidade e do gosto musical também.
Ouvíamos de tudo, desde samba a grindcore, do baião ao funk. Tim Maia, Raul, Gonzaga, Novos baianos. E fora as bandas dos anos 90. Vixe, ai ouvíamos muito. As letras como não podiam deixar de ser, era pura contestação. É justamente isso. Contestação social, ser argumentativo. Fazer e se fazer refletir. Às vezes imaginamos que as coisas poderiam ser melhor como um todo se as pessoas se permitissem refletir mais intensivamente sobre o que acontece.

Como foi a produção desse EP? Teve o apoio de algum selo ou foi independente?
Independente, claro. Gravamos tudo no estúdio Z6, do nosso amigo de longa data, Paulinho Marola (Ex-Diamba, atual Fayamará) que sempre foi uma forte referência para todos nós. Devemos muito a ele nessa etapa.
O EP veio da ideia de registrarmos nosso material, mas de uma forma amadora, só pra gente mesmo. Gravamos uma faixa por canal (pista) e fizemos quatro ao vivo, no groove. Alguns amigos gostaram do material e botaram a pilha. E nós comemos. O resultado tá aí. Lógico que é uma gravação "demo", mas da pra entender um pouco da proposta. Mais pra frente, vamos gravar essas ao vivo como gravamos a outra primeira faixa. Planos futuros.

Existe a possibilidade de vir um CD completo agora?
Nesse semestre, queremos entrar em estúdio para gravar algumas músicas com uma qualidade final melhor, temos algumas ideias e realmente falta um pouco de tempo. Mas a possibilidade sempre existe, quem sabe aparece alguém interessado em investir e possibilita de uma forma mais estruturada.

É bem complicado viver de rock and roll na Bahia. Geralmente quem tem banda, precisa ter outro emprego para pagar as contas. Como é isso com vocês?
É exatamente isso ai, ninguém vive só de musica aqui. Na verdade é nosso hobby. Cada um tem sua profissão... roadie, serigrafista, taxista, professor. Mas estamos aqui, firme e forte. Na resistência.

O espaço é de vocês, fiquem a vontade pra dizer o que quiserem!
Queremos agradecer muito a oportunidade concedida, acho excelente a ideia de ter algumas pessoas que não deixam o cenário alternativo abandonado. Sempre existiu essas limitações de divulgação e sempre tem os que resistem.
Quem não conhece a Rapadura do Nordeste, terá ótimas oportunidades agora em janeiro. Vamos tocar hoje no Buk Porão (Pelourinho), dia 10 no Irish Pub (Rio Vermelho), ambos os eventos com a entrada livre. Tem uma data que ainda não esta confirmada, mas creio que seja entre 18 e 21/01 no 30 Segundos Bar (Rio Vermelho) e dia 28/01 em Itapuã.. Em Abril temos um evento também já confirmado, mas isso é mais pra frente. Estamos sempre abertos a propostas, buscando oportunidades e vendo o que pode ser feito.



terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Entrevista com a banda Lascados

O papo de hoje é com Lucas (vocalista/guitarrista) e Leandro (baterista), da banda Lascados, da cidade de Anápolis-GO. Conversamos sobre o EP "Chinese Lasquera", lançado ano passado. Eles falam ainda sobre influencias musicais, shows e a cena local. Confira!
A Lascados foi formada em 2012 na cidade de Anápolis-GO. Como era ter uma banda de rock underground na cidade quatro anos atrás? E como anda a cena local hoje em dia?
Lucas - Primeiramente obrigado aí pelo espaço, Nem, muito bom para nós estarmos respondendo essa entrevista aí. Há 4 anos atrás, tava muito forte a cena rock underground da cidade, bandas em evidência, eventos em dois, três lugares dentro da cidade no fim de semana. E hoje a cena anda um pouco mais fraca, mas ainda ntecendo eventos undergrounds, só que com menos frequência do que 4 anos atrás, sendo uma vez por semana e normalmente em um ou no máximo dois locais.

Durante esse tempo a banda mudou a formação. O que faz com que a maioria das bandas mudem de formação com tanta frequência?
Lucas - Questões pessoais foram o que motivou a saída de quase todos os três integrantes (Junio que fundou a banda junto comigo, Luís Fernando e Humberto) que passaram pela banda, exceto o Humberto (ex-baterista da banda) que saiu por questões de buscar carreira musical, e conseguiu tocando música clássica na orquestra jovem do estado. Mas todos continuarmos sendo amigos e sempre topando aí pra conversar.

A Lascados lançou em Agosto de 2016 o EP "Chinese Lasquera". De onde tiraram esse nome?
Lucas - Por conta da gravação do EP estar demorando muito por falta de grana nossa, a gente lembrou da demora do Guns and Roses para lançar o "Chinese Democracy" e fizemos essa paródia com eles e com nós mesmos por termos enrolado demais para ter lançado esse nosso material, sendo que começamos ele em março de 2015, demorando mais de 1 ano para terminarmos e lançarmos ele.

Como foi a produção desse EP?
Lucas - O material foi produzido em dois estúdios, no início das gravações, o Leandro gravou a bateria de 3 músicas no Estúdio Sonoro, e o Luís Fernando (baixos/vocais) e eu, gravamos as guitarras e os baixos das três músicas no Blastbeat (casa do Guilherme, guitarrista do Mugo, Heretic, Spiritual Carnage). Seria lançado só com três faixas, só que no fim do ano, a idéia do título do nosso EP seria "Importância alheia zero", que era uma de nossas músicas mais novas. Resolvemos gravar ela também, contudo demoramos de fazer essa gravação porque não conseguimos ajustar horário para gravarmos no Estúdio Sonoro. Então o Leandro gravou ela no Estúdio Fantom (Giovanni), e gravamos as guitarras e baixos na casa do Guilherme, e as vozes das 4 faixas gravamos no Fantom também.


No meio da gravação do EP, houve a saída de um dos integrantes. Ele chegou a gravar o material completo, ou deixou sem terminar?
Lucas - Ocorreu a saída do Luís Fernando, ele gravou os baixos de 3 das 4 faixas, a outra faixa do EP quem gravou o baixo fui eu mesmo.

Pra quem não conhece o som da banda, Quais são as principais influências?
Lucas - As nossas influências são variadas, contudo curto muito bandas como Ratos de Porão, D.R.I., Excel, Surra, Sepultura, Vio-lence, Pennywise.
Leandro - Falar de influência é ate interessante, pois apesar de tocar em uma banda que tem o som bem puxado pro Hardcore, eu não escutava muita banda nesse estilo, sempre fui pro lado mais Death Metal, Thrash, Heavy Metal Tradicional, e o Metal progressivo. Hoje em dia não tenho banda X ou Y que tiro base pra fazer o som que toco, sendo metal eu sempre tiro proveito em alguma coisa nos sons novos ou até os que eu não conhecia.
Lucas e Leandro - Lascados
Vocês também organizam seus próprios eventos. Fale um pouco sobre eles e da importância do "faça você mesmo" no nosso meio underground:
Lucas - A importância desses eventos é por conta de dá oportunidade para bandas novas que não tem espaço para tocar nos eventos diversos na cidade, e a partir daí buscarem espaço para tocar mais aqui ou fora também.

E qual a expectativa a partir de agora? Existe projeto de viajar pelo Brasil? Ou um CD para ser lançado mais pra frente?
Lucas - Lançar o EP em mídia física, e quem sabe tocar fora do estado, que é algo que nunca fizemos. E mais pra frente, quem sabe, lançar um álbum cheio pra galera, no meio digital e também no meio físico.
Leandro - O primeiro passo de uma banda que quer conseguir espaço na cena nós já fizemos, que foi gravar e lançar um EP. Daqui pra frente, o que vier pra Lascados estamos topando. E levar o som além das fronteiras.

Agradeço a atenção e o contato com o blog. O espaço é de vocês, para falar o que quiserem:
Lucas - Esperamos estarmos um dia soltando a lasquera por aí, e contribuindo para melhorar um pouco a visão das pessoas sobre esse mundo caótico que vivemos.

Contatos
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