No curta João Brandão adere ao punk, do conto homônimo de Carlos Drummond de Andrade, João Brandão é um estudioso de fenômenos sociais, que dedica-se no momento a pesquisa do punk. Ramiro Grossero, diretor, nascido no Gama-DF, é arte-educador e usa a vivência da sala de aula e das ruas para dirigir seu primeiro curta-metragem. Grilo, como o diretor é mais conhecido no underground punk, participa de todas as etapas da produção, criando as situações que dão forma à obra de arte.
No elenco, fazendo o papel de Carlos Drummond de Andrade, está o punk paulista Ariel, vocalista das bandas Restos de Nada e Invasores de Cérebros, dois pilares do punk nacional.
O poeta e ativista cultural brasiliense J. Pingo, falecido logo após as gravações, também integra o elenco, fazendo o papel de João Brandão, personagem central da trama. Os figurantes do curta são conhecidos na cena punk do Distrito Federal, entre os quais, integrantes das bandas The Insult, Mackacongs 2099, ARD, Marmitex S.A. e Canibais, além do cartunista Broba, ex-vocalista e letrista da banda Cegos, Surdos e Mudos, que também fez ilustrações para o filme.
Segundo Grilo, diretor do filme; "A lucidez do poeta ao analisar o tema em página do "Jornal do Brasil" no ano de 1983, para o qual escrevia uma coluna semanal, é surpreendente pela sensibilidade com que, o também cronista , desenrola um diálogo com o personagem João Brandão a respeito do pouco compreendido e até mesmo mal falado movimento." E Grilo acrescenta que "ao fim da leitura do conto e xerocado as páginas deste "Fio de prosa" fui ao encontro do meu amigo Jota Pingo, ator, diretor teatral e agitador cultural, um ícone de Brasília com uma biografia respeitável e membro de uma família de artistas, para conversar sobre cinema e coisas afins. Estando muito empolgado com a idéia da realização de uma adaptação em forma de curta metragem e promovendo na casa do "Pingão" muitos shows de punk rock, heavy metal e outro gêneros musicais no então Cine teatro Grande Otelo, que ficava no Mercado Cultural Piloto, Jardim Botânico - DF, e em meio a mostras de cinema e teatro, exposições de artes e festas que aconteciam no local, percebia que tudo estava ali e era só começar a dirigir o curta."
Ainda segundo o diretor, "Rita Andrade entrou em contato com os representantes do poeta e contando nossa história, conseguiu a liberação dos direitos do conto. Mas um grande cara estava para se juntar a essa trupe cultural. Em 2011, em show da lendária banda punk "Olho Seco" na C. T. Grande Otelo, recebemos a visita do Ariel Invasor, figuraça da cultura paulistana, conhecido por ser o vocalista da primeira banda punk rock do Brasil, Resto de Nada (1978), e na ocasião se hospedando na minha casa, mostrei o conto a ele. A identificação foi total e não pude deixar de notar que vestindo-o com roupa sociais e óculos ficaria um ótimo Carlos Drummond. Ariel é um desses caras com forte visão cultural e tem facilidade com a palavra, não se fez de rogado e topou participar do projeto."
Um comentário:
“De inconformismo até com sigo mesmo”
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