Lavage |
Dificuldade. A palavra que melhor define o processo de produção e gravação do sétimo disco da banda de punk rock Lavage. Atuante na cena de Fortaleza desde 2003, em meio ao processo de gravação, a banda teve de lidar com diversos contratempos, como o desligamento do antigo baixista. Sobre isso, conversei com Bruno Andrade, vocalista da banda e ele falou que "as oito composições foram feitas enquanto éramos um quinteto, entretanto, no meio do caminho, o baixista foi desligado da banda por questões de relacionamento pessoal com os demais integrantes. Só que isso foi antes do início das gravações. Como o nosso outro guitarrista, Glênio Mesquita, já havia assumido o baixo em gigs anteriores, foi meio que natural ele migrar pra gravar os graves. Outro lance que rolou foi o fato dele, Glênio, não ter gravado as guitarras porque neste meio-tempo, ele teve um problema auditivo e pra não expô-lo a ruídos altos, só o Everardo Maia gravou as guitarras. No mais, o álbum foi fechado em Fevereiro, antes do Carnaval, mas só foi lançado no segundo semestre porque demoramos a mixar presencialmente. Neste caso, a pandemia atrapalhou bastante."
A banda já tem bastante experiência em estúdio, visto que esse é o sétimo trabalho lançado. Sobre os trabalhos anteriores, Bruno enumera; "Estreamos em 2005 com um disco homônimo que não ficou 100% pela nossa falta de experiência e condições de gravação, já que captamos baixo e bateria no mesmo canal. Na sequência, lançamos "Consumocracia", em 2007, e o "Krisis" em 2008.
A partir de 2011, quando lançamos o "Punk Pop?", passamos a gravar no estúdio Ruído 111, onde estamos até hoje. Construímos uma simbiose muito boa com o Paulo Eduardo, além de gravar ele nos ajuda a produzir os arranjos, dá dicas e sugestões que nos ajudam a aprimorar a ideia inicial das canções.
Em 2013, veio o "10" pra celebrar nossa década de atividades. Um disco bem com a nossa cara, com o punk rock flertando com o rockabilly e o rock alternativo.
O "Zombie Walk" veio em 2016 pra tirar sarro das manifestações "democráticas" que vimos antes da Copa e que resultaram nesta balbúrdia que estamos vivendo agora diariamente."
Intitulado “Punk/HC”, o novo trabalho, e sucessor de “Zombie Walk”, mantém a estética trabalhada pelo grupo, que usa o punk rock como alicerce para experimentações com outros estilos, sobretudo o rock alternativo. As artes do álbum ficaram por conta do desenhista Adriano Sousa, que utilizou o personagem "Anarco Pato" como protagonista na capa.
Gravado entre Julho de 2019 e Fevereiro de 2020, no Estúdio Ruído 111 (Fortaleza/CE), o registro manteve a parceria iniciada em 2011, com o produtor musical Paulo Eduardo.
O disco é iniciado com alta energia pela faixa título, um hardcore oriundo de um CD demo do grupo, gravado nos idos de 2003, e que ganhou uma nova versão. Sem deixar cair a rotação, “Egoísta” traz uma crítica ao narcisismo. A lista de faixas conta com novas versões de composições antigas do grupo, como “Mate-me, por favor”, “Colapso” e “Planeta dos Patifes”, do Krisis (2008), álbum que também já tinha algumas faixas regravadas no disco "Zombie Walk". Sobre isso, Bruno diz; "A questão é que os três primeiros discos não nos deixaram plenamente satisfeitos, então, aos poucos, temos regravado faixas antigas com uma melhor condição técnica. Além da melhoria da técnica de gravação usada, aproveitamos para incrementar os arranjos com base na experiência dada pelos shows."
A parte final do disco traz duas canções compostas em inglês com uma sonoridade mais alternativa, intituladas “Freakshow” e “No More Lies”.
E pra finalizar nosso bate papo, Bruno quis dizer ainda; "Primeiro, quero agradecer o espaço e o moral dados à produção de rock independente. No mais, quero reforçar junto ao público a necessidade de apoiar o segmento cultural em meio a este contexto de pandemia. Fomos os primeiros a parar as atividades e seremos os últimos a voltar a trabalhar. Portanto, apoiem os trabalhadores da cultura de toda forma possível, comprem os discos e demais produtos de merchan e se engajem em favor de demais medidas voltadas para a nossa classe. Forte abraço a todos e todas, fiquem bem e saudáveis em casa."
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Um comentário:
Valeu pela força, mestre Nem. Os detalhes coletados na breve entrevista enriqueceram muito o release. Grande abraço!
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