Hoje o papo é com o Danix, vocalista da banda Fina Flor do Entulho, da
cidade do Porto, em Portugal.
1- Primeiramente conte-nos quando surgiu a banda e o porque da escolha
do nome Fina Flor do Entulho?
Danix: A banda surgiu nos finais de 2008 após uns ensaios onde
vimos que tínhamos formas de ver o som em comum e dai até a descarga foi
seguir em frente. O nome surgiu de me lembrar de expressões do avozinho que ao
se enervar ao ver políticos corruptos, crianças mal tratadas, a missa
de domingo e outros programas de variedades em vez de lhes chamar bois e afins
era mais simpático e dizia que eram a Fina Flor do Entulho da
sociedade.
2- Esse foi o primeiro projeto/banda de vocês?
Danix: Não...mas eram outros tempos onde a garagem era o melhor bar da
terra...
3- Como é a cena punk rock hardcore aí no Porto? Acontecem muitos
shows por aí?
Danix: O movimento está vivo, tem muito pessoal novo com vontade e
varias bandas no activo. Penso que podia existir mais um pouco de união e apoio
entre todos não só local como no resto do pais, é uma forma de ver a musica sem
superioridades e aberturas a diferenças, parecia-me uma seca ser tudo igual,
pode-se é ir beber no mesmo barril e siga em frente. Existem alguns espaços a
dar essa mesma oportunidade de todos se expressarem como a "casa
viva" por exemplo, existem outros que é só para os amigos dos amigos,
mas parado só se quiseres isso é uma realidade.
4- Por estarem na Europa é bem mais fácil circular por outros
países. Mas o idioma em algum momento atrapalha a comunicação com outros países
vizinhos de Portugal?
Danix: Eu não sei se será por ai, expressamo-nos em Português
porque é a forma como falas naturalmente, não tens que estar a pensar no belo
tempo verbal, atrapalhar não pode ser visto como não te darem a mão, é assim
que queremos é assim que temos. Essa pergunta tu sabes a resposta se fores para
a as Américas mesmo as latinas.
5- A fina Flor do Entulho já tocou em lugares como prisões, na
rua, em ocupações e também em “auditórios bonitinhos”, como vocês mesmos
disseram. Quais são as reações desses públicos? Há alguma diferença?
Danix: Diferenças existem, para um recluso ( e já vão 2 a falar cá fora
), o ouvirem algo que curtem estão mais abertos e caricato estão presos
nem animais ( estávamos aqui a falar a noite toda do que acho do
sistema prisional de merda ), na rua fica quem passa e curte, depois nos
outros sítios curte quem curte na boa senão tem um bar para matar a sede,
nem curto muito palminhas é violentares a palma esquerda contra a direita, não
me diz nada acredita...
6- A banda tem uma apresentação bastante energética e
performática. Vocês têm alguma influência do teatro?
Danix: Eheheh do teatro não mais do circo, cada concerto é um concerto,
nenhum foi igual, é natural depende do dia e dos copos, mas não existe nada
programado nem limites para cada um na banda fazer o que lhe vier á tola, isso
é a liberdade interna se não existir entre quem a debita não vale a pena muitas
palavras de ordem sobre o assunto...saco roto!!!
7- Recentemente a banda lançou o 1º EP chamado “Carne de Deus”
inspirado em um cogumelo alucinógeno com o mesmo nome? Qual integrante que
experimentou esse cogumelo?
Danix: Os maias na Guatemala há 3500 anos utilizavam "carne de
deus" em diversos rituais, (o Raul talvez tenha tomado desses á 3000), eu
pela descrição da broa parece-me que os que tomei eram mais surrapa...
8- Vocês definem a Fina Flor do Entulho como “noise punk rock”. Tive a
oportunidade de ouvir o EP e percebi um leque muito maior de sonoridades. De
onde vêm todas essas influências?
Danix: Uma banda é feita de pessoas diferentes tens 2 caminhos ou fazes
uma linha e está tudo á coca para teres um gênero para os outros
gostarem do inicio ao fim, ou fazes aquilo que no dia te saiu e curtiram todos
o momento em que a musica rebentou.
9- Queria que você falasse um pouco sobre a temática das letras
desse EP:
Danix: A introdução é um alerta de que não vale muitas merdas que se
veem por ai que vai tudo pregado na tabua. A Ensanguentado o desespero de estar
agarrado á heroína onde não há heróis, a Inapto é uma história
real sobre a inaptidão ao serviço militar por teres varizes nos colhões
(chato não ir á tropa), a Circo Arder é uma critica
aos políticos sobre a palhaçada que vês, um verdadeiro circo...
a Cuidados Paliativos são frases da minha mãe e só dela, em delírio antes
de morrer internada nos CP nos 6 meses antes de morrer. a Carniceiro é a
simulação ironia do social lavadinho e certinho, no caso um medico que se torna
no verdadeiro homem do talho. A Get Away um tributo, onde o refrão em português
podias dizer não serei o teu olho do cú...
10- Vocês tem algum plano de um dia virem tocar aqui no Brasil? Já
rolou algum convite?
Danix: Plano não há, nem guita, seria bom... convite nenhum mas seriam
cascatas de cachaça garantidas...
11- Quais bandas brasileiras você já teve contato ouvindo
material?
Danix: O Brasil sempre teve altas bandas, mas bons tempos quando Titãs
eram Titãs, Cólera, Garotos Podres, Olho Seco, Ratos, Raul Seixas...muito sonoro
brasileiro que passou pelo neurônio algum ainda passa...
12- Obrigado pela atenção. Deixo o espaço aberto para vocês
falarem o que quiserem, deixar contatos, links para ouvir o EP, assistir vídeos
e o que mais quiser divulgar sobre a Fina Flor do Entulho:
Danix: A rapaziada é que agradece ai o interesse pelo nosso som. Quem
quiser foder o tímpano pode ouvir as duas cenas DiY que temos por ai no
bandcamp ( http://finaflordoentulho.bandcamp.com/). Abraços
a todos & Em frente!!!!!
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