sábado, 7 de julho de 2012

Entrevista com o Matheus da Gerações Perdidas

Hoje o papo é com o Matheus Germano, vocalista da banda Gerações Perdidas, A banda surgiu no início de 2010 e teve seus primeiros ensaios em um galpão de fábrica nos arredores do bairro Vila Nova, na cidade de Goiânia. Confira aí...
Matheus dando voz para Gerações Perdidas

1-Primeiramente a velha pergunta: de onde veio o nome Gerações Perdidas?
Matheus: O nome da banda veio de uma música que fizemos "Gerações Perdidas", na época a banda tinha quase um ano de existência e ainda não tínhamos um nome forte que representasse o nosso som, nossa postura e ideias, ai quando passamos a música, que é bem crua com uma letra bem intensa, resolvemos que seria o nome da banda. O sentido que Gerações Perdidas expressa é uma homenagem para as gerações que foram mortas, exterminadas e silenciadas, tanto na ditadura militar, como atualmente pela violência e pela repressão da polícia nas periferias, em um extermínio da juventude que está estampado diariamente em nossa sociedade.

2-Alguns integrantes vieram de outras bandas da cena goiana. Em quais bandas eles tocaram e por que resolveram sair e montar uma nova banda?
Matheus: Na verdade ninguém deixou as suas bandas para tocarem com a Gerações Perdidas. O Fred (batera) tem uma outra banda local que se chama Dejeto HC, o Paulin (baixo) tocava no Vítimas da Injustiça, que hoje em dia anda parada. Então ninguém deixou suas bandas, ou se ficaram paradas não envolve o motivo de eles tocarem na Gerações Perdidas, que no fundo é a união de quatro amigos em torno de um projeto de fazer um som com influências no crust/punk/hc, onde todos levam as suas influências, mas politizado e com postura de superação dos problemas que nos cercam.Fred foi chamado para entrar na banda depois de um projeto que fizemos para tocar em um show do Terror Revolucionário, em que misturamos a formação do Vítimas e da Gerações (Gerações das Injustiças), que foi um momento importante para a banda, pois a parada ficou mais séria, começamos a ensaiar mais e a compor mais músicas, sem contar que o Fred trouxe uma pegada mais HC pro nosso som que é nítido se você ouvir a demo e as nossas novas gravações que se encontram no nosso myspace.
Fred na batera!!!

3-No mesmo ano que surgiu a Gerações, vocês gravaram uma demo com 8 músicas. Como foi o processo de composição desses sons, onde foram gravados e foi lançado por algum selo independente?
Matheus:Na verdade a banda surgiu em junho de 2010, num quartinho nos fundos da fábrica de móveis de um companheiro nosso. A demo que te dei quando vocês vieram aqui em Goiânia foi gravada em agosto de 2011, e registra a fase inicial da banda na sua primeira formação com o Smigol na batera. Todos os arranjos e composições foram feitos por nós e foi gravado no Estúdio Barra, como o cara viu que éramos quatro caras que tinham pouco ou nenhuma experiência em gravar, ele fui muito gente boa e nos ajudou bastante. A demo foi uma puta experiência para nós, tirando o Paulin, ninguém nunca tinha tido experiência com gravação e como não tínhamos dinheiro, gravamos apenas em três horas, o que acabou deixando de fora uma faixa que logo vai sair em nosso CD. Nós mesmos que fizemos a arte, com a ajuda das nossas companheiras Kárita e Mariana, xerocamos e dobramos os encartes, compramos as caixinhas e gravamos os CDs, não lançamos por nenhum selo e também não vendemos nenhuma cópia, todas as 80 (se me lembro bem) foram distribuídas para a galera que colava nos nossos sons, sendo depois colocada em mp3 na internet para quem quisesse baixar.
Demo de 2011

4-Como foi a receptividade da galera com esse trampo? vocês chegaram a fazer algum show de lançamento?
Matheus: A receptividade foi muito boa! Não fizemos nenhum show de lançamento, mas essa demo não somente abriu as portas pra gente tocar em muitos eventos, mas fizeram que a gente ficasse conhecido na cena local, começamos a ser respeitado não somente pelo som, mas pelos corres que fizemos, pois fizemos nossas colagens com as letras e as nossas demos tudo por nós mesmo, no bom e velho estilo "Faça você mesmo!". Lógico que tiveram as pessoas que acharam nosso som muito tosco ou então nos boicotaram por não sermos "punks o bastante", mas quem soube reconhecer viu que se tratava de um expressão sincera e direta de um realidade que nós queríamos mostrar, por isso que nós nos preocupamos com a nossa postura política dentro e fora dos palcos. Quem já colou em um som nosso sabe que sempre passamos as mensagens antes das músicas, que nossas ideias e postura vão além delas, que a nossa proposta de quando tocamos é informar e organizar as pessoas politicamente em uma ação anticapitalista em sua cotidiano, da construção da barragem de Belo Monte à situação dos trabalhadores de Jirau, somos todos explorados e massacrados diariamente!
Gerações Perdidas no Old Studio em Goiânia

5-Como anda a cena punk/hc ai de Goiânia? E vocês têm tocado em outras cidades/estados também?
Matheus: Acredito que estamos passando um momento interessante aqui na cena de Goiânia, não posso falar de algo que não vivi, pois tenho apenas seis anos de contato com a cena local, mas posso afirmar que na mesma safra que veio a Gerações Perdidas, surgiram também outras bandas de pessoas novas na cena que estão movimentando e dando energia para fazerem as coisas acontecerem. Posso citar algumas bandas novas ou que estão na atividade há algum tempo na cena: Corja, Tarja Preta, Entre os Dentes, Livre?, Death From Above, Tirei Zero, Descarga Negativa, Abalo Sísmico, Dejeto HC, Sociofobia, Coerência, Benzinol Possesso, Higiene Mental e outras...
Na área de produção temos o selo Two Beers que tem a frente nosso camarada Segundo, que vai completar 11 anos de existência no final do mês, em um show com banda locais e de fora onde provavelmente será lançado nosso cd! Tem também a galera da Insetus (Walkir, Júnior, Camila e Bruna e outros) que há mais de 10 anos também estão na cena. Não posso também de deixar de falar do Júlio, que sempre tá nos corre pra fazer os eventos acontecerem, não somente nos shows, mas com zines e etc.. Ambos os selos e as pessoas que se envolvem com eles ajudam as bandas novas a lançarem seus materiais, organizam eventos e os motivam a continuarem tocando...
É lógico que todas as cenas tem os seus defeitos e limitações, aqui em Goiânia teve uma época que quase todos os finais de semana rolava gigs na praça, organizada pelos próprios punks, mas em função de divergências ideológicas e tetras, acabou enfraquecendo e as gigs pararam de acontecer. Hoje em dia aqui temos duas casas que dão espaço para a cena: o OLD STUDIO e o CAPIM PUB. Mas falta a galera colar mais nos shows, comprar o material das bandas, trocarem uma ideia, irem pra sacar os sons de bandas que não são de seus amigos e assim motivar uma nova galera que está surgindo aqui na cena.
Paulin no Baixo

6-Vocês estão prestes a lançar um cd completo com 12 faixas, incluindo algumas regravações de faixas da primeira demo. E ouvindo aqui (em primeira mão, eu acho) já é perceptível a evolução no som, gravação, tudo...como estão os preparativos para esse novo lançamento? Alguma previsão de quando deve sair? E já tem algum selo/distro conversando com vocês sobre distribuição?
Matheus: Então Nem, esse som ai que eu te mandei vai ser o que vai compor o nosso CD. Das 12 faixas, 8 são regravações da nossa demo, mas que com a nova formação, soa bem diferente..Valeu ai por considerar que foi uma evolução nossa, pois além da entrada do Fred, começamos a ensaiar e a tocar muito pela cidade, o que nos ajudou bastante na hora de gravar. Gravamos todas as 12 faixas em 4 horas e pagamos mais 2 horas pro cara do estúdio mixar para a gente. Esses sons vão compor o nosso primeiro cd, que se der tudo certo será lançado no final desse mês, dois selos locais (Two Beers e Massive Records) vão lançar a gente por aqui.. Outras selos e outras distros que se interessarem em divulgar e distribuir nosso som, estamos aberto pra qualquer trocas, amizades e parcerias!

7-Vocês pensam em fazer uma turnê de divulgação desse novo trampo? Pensam em passar pela Bahia?
Matheus: Com certeza!!! O dia que rolar a oportunidade e esquematizar um parada massa estaremos ai!!! Iríamos com uma puta satisfação pra tocar pra pessoas diferentes e espalhar não somente nosso som, mas as ideias, posturas e atitudes que envolvem nossa letras e nossas mensagens!

8-Todos sabemos como é difícil sobreviver no underground, e sempre rola os trampos para poder pagar as contas. Como é a vida de vocês fora da banda?
Matheus: Bem a vida fora da banda é bastante correria... Nosso caso é bastante semelhante de toda banda que está no meio underground: ninguém vive da banda ou somente da cena, todo mundo tem os seus empregos e juntam seus trocos pra poder ensaiar e colocar gasolina no carro pra tocar.. hehehehe...O Paulin (baixo) trampa no concerto de eletrônicos, o Fred (batera) trampa como professor de educação física e trampa na organização de eventos na área de esporte. O Diego (guitarra) é professor de francês. Eu sou professor de história...
Diego o professor de francês

9-Bom, desejo toda a sorte pra vocês nessa nova empreitada. E o espaço fica aberto pra falarem o que quiserem ou sobre algo que não perguntei:
Matheus: Agradecemos muito por ter pensado em nós para essa entrevista e também a banda Cama de Jornal, pela amizade que fizemos ao dividirmos o palco aqui em Goiânia. Agradecemos também a todos que dão o seu suor e sangue pra fazerem as coisas acontecerem, a galera da Insetus que nos acompanha desde nosso primeiro show, ao Segundo da Two Beers e o Glauco da Massive Records, por nos apoiarem nessa empreitada do nosso primeiro cd. Valeu a todos que colaram nos nossos shows, as amizades que fizemos e as ideias que trocamos, todas elas foram importantes pra gente continuar na ativa! Vá aos shows, comprem os materiais, apoiem as bandas locais, pois são elas a expressão ativa da cena que você tem em sua cidade e, se por acaso, você não se sentir pertencente a ela, monte sua própria banda, faça os seus zines e ocupem o espaço que nos é diariamente tirados pela mídia e as gravadoras corporativa. Se eles tiram nosso espaço, não temos que nos adaptar a elas e sim ocuparem e socializar toda expressão artística crítica que busca superar essa sociedade. Abraços a todos!
Baixe aqui ---Gerações Perdidas - Demo(2011)---

2 comentários:

Xi Drinx disse...

A demo tá com o link fora do ar...

NEM, TOSCO TODO - SELO DE DIVULGAÇÃO disse...

Opa, valeu aí Xi DrinX, o link havia sido deletado pelo usuário que postou a demo no mediafire, mas agora já está novamente funcionando em novo link aí no 4shared...só é preciso que seja cadastrado no site para poder fazer o download. Valeu!!!