quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Entrevista com Jayme Katarro do Delinquentes

Tive a honra de entrevistar o Jayme Katarro, vocalista da banda Delinquentes, e um ícone do punk rock hardcore da região norte do Brasil, mais precisamente da cidade de Belém do Pará. A banda foi formada em 1985, então tem muita história pra contar. Acompanhe aí:
Jayme Katarro
1-Há 27 anos você vivencia o Punk Rock. Mas gostaria de saber como foi o seu primeiro contato com o movimento, o que te levou pra dentro dele?
Katarro: A 1ª vez que assisti um show da banda punk local Insolência Pública me catapultou à esse mundo nefasto do punk / hardcore. Antes, já havia ouvido alguma coisa em fitas cassetes de Ramones, Sex Pistols, Cólera, Inocentes e Ratos de Porão, nos idos dos anos 80. Mas era tudo uma coisa nova e forte para mim na época.
Da esq. p/ a dir.:  Raphael (bateria)  Pedro (guitarra), Pablo (baixo) e Jayme (vocal) .  Foto: Brunno Regis 
2-E depois de tanto tempo, o que mudou na cena, seja por parte das bandas, produtores e até mesmo do público?
Katarro: Não dá mais para comparar o que vivi nessa época ainda, onde tudo era rudimentar e muito mais precária que hoje, sem internet, sem meios de comunicação, e até mesmo depois, quando já existia um movimento punk aqui na cidade (do qual eu participei) com o que existe hoje. Hoje há estúdios para as bandas ensaiarem, shows pipocando em quase todos os fins de semanas, sons mais fáceis e acessíveis, e a internet, que consegue aproximar pessoas de regiões distantes, como as daqui do norte.
Video Clipe de Pescador, uma versão da música do Mestre Lucindo do Carimbó.

3-Voltando no tempo, mais precisamente ao ano de 1988, a Banda gravou a fita-demo Infecto Humano. Qual era o panorama vivenciado por vocês naquela época? Músicas dessa Demo ainda são executadas e soam atuais?
Katarro: Nessa época estávamos no auge do movimento punk (ao menos daquele período). Fazíamos reuniões e principalmente, não ficávamos apenas nisso. Fazíamos atos-shows, passeatas, panfletagens, tudo o que achávamos válido para conscientizar o povo. Era algo bem político mesmo. A pessoa que não participasse das reuniões (que eram semanais) não era considerada do movimento. Os sons da demo Infecto Humano, algumas ainda são tocadas sim, mas a maioria receberam novas roupagens, principalmente porque os integrantes que a tocam hoje não são mais os mesmos daquelas épocas, então é outro contexto.

4-Depois Dessa fita-demo, vieram mais duas. Mas só em 2000 veio o primeiro CD. O que ocasionou essa demora para lançar o Pequenos Delitos?
Katarro: A distancia aqui dificulta muito. Pode parecer clichê, mas aqui não havia gravadoras, como no sul. E gravar na época do vinil era uma coisa por demais cara. Só em 2000 veio o primeiro selo paraense, o Ná Music. E a Delinquentes foi a primeira banda à gravar com seu selo, inclusive (antes, eles já haviam feito uma coletânea, o Açaí Pirão).
Baixe aqui o primeiro CD do Delinquentes - 2000
5-A banda teve durante esse tempo, certa dificuldade em manter uma formação por muito tempo. Depois de 40 formações diferentes, o que mudou no som da banda?
Katarro: Muita coisa. Mantemos a agressividade hardcore do início, principalmente na velocidade da bateria e dos riff's. Mas era natural que o som mudasse. mesmo que não tivesse havido mudanças na formação, eu não gostaria de passar quase 3 décadas tocando a mesma coisa. As letras continuam ácidas e agressivas, porém não tão diretas como antes.
Delinquentes no Pitiú Festival -  Foto: Melissa Alencar
6-Falando agora do DVD ao vivo em comemoração aos 27 anos da banda, como foi possível viabilizar esse projeto ousado de gravar o show em praça pública, e ainda sem um palco coberto? Vocês correram um alto risco que tudo desse errado?
Katarro: Risco nós corremos, hehe. Principalmente porque Belém é conhecido como a cidade da chuva. Mas há períodos em que chove menos, e isso foi calculado também. A realização do DVD só foi possível por 3 motivos: A Greenvision (maior produtora de videoclipes da cidade) ter apostado na banda, o nosso projeto ter passado na lei de incentivo Semear e por último, termos tido o apoio do Conexão VIVO, que patrocinou o projeto.
Sem esses fatores, ainda estaríamos na fila de espera para realizar algo. Vale ressaltar que a idéia de fazer o show sem palco e sem cobertura, foi da Greenvision, que gosta de coisas ousadas.
Gravação do DVD em praça pública em Belém - Foto: Marcelo Lelis
7-Pude ver algumas fotos e videos dessa gravação e percebi um clima bem alto astral não só por parte da banda, mas tambem do público. O que você sentiu quando começou o show e viu toda aquela galera?
Katarro: Foram meses preparando aquilo tudo e quando começamos e eu senti a vibração do público, respirei aliviado e pensei: "Agora a coisa começou de vez".
Videos gravados pelo público presente na gravação do DVD

8-Depois de tanto tempo na luta, fica a sensação de missão cumprida?
Katarro: Sim, mas não que a luta tenha acabado. Isso foi só um recomeço na minha opinião. Um marco-zero para vermos o que vai acontecer daqui para frente.
Jayme com a galera na gravação do DVD - Foto: Marcelo Lelis
9-Agora é esperar a finalização do DVD. Qual a previsão de lançamento? E vai ter um CD desse show também?
Katarro: A previsão é para o final do ano. O áudio está neste momento em Goiânia, sendo mixado pelo Gustavo Vasques, e enquanto isso, a produtora já começa à mexer nas imagens. Com certeza podem esperar um grande show de lançamento para este DVD.
Katarro no meio da galera - Foto: Marcelo Lelis
10-Velho, agradeço pela atenção. O espaço é seu para falar o que quiser, deixar contatos, links de sites, de audio, videos...o espaço é de vocês!!!
Katarro: Bom, eu é que agradeço. Aguardem o DVD e para quem não nos conhece, procure mais da banda pela internet:
Outros links da banda:
E-mail / Msn: delinquentes.hc@gmail.com

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