sábado, 5 de abril de 2025

Nem Tosco Todo lança novo livro


Nem Tosco Todo lança seu terceiro livro, intitulado "Diálogos Imaginários e Outros Escritos". Com préfácio de Nélio Silzantov, que escreveu:

"Finalmente aqui estamos, mais do que vivos,conforme afirmamos na obra anterior de Nem Tosco Todo, desta vez diante dos seus Diálogos Imaginários e outros escritos. Obra composta por vinte e dois diálogos, seis contos e vinte e três ilustrações fodásticas assinadas por JoJu.

Ao demonstrar, mais uma vez, toda sua criatividade em construir diálogos, Nem se afirma como um dos poucos escritores contemporâneos que dominam este elemento narrativo. Parece até um absurdo dizer isso (alguém pode espernear), mas se engana quem pensa que elaborar diálogos precisos, inteligentes, bem-humorados e críticos, como os criados por Nem, é algo assim tão fácil e comum entre os ficcionistas. Na Grécia Antiga, Platão foi um dos primeiros a se sagrar no exercício dessa técnica considerada uma arte, criando os famosos diálogos socráticos.

No século XVIII, em pleno período Iluminista, o filósofo e escritor francês Denis Diderot foi outro que utilizou a forma para compor O Sobrinho de Rameau, uma crítica radical e satírica à sociedade que fascinou grandes pensadores como Goethe, Hegel, Engels e Freud.

Mas ao contrário dos exemplos anteriores e tantos outros encontrados na História da Literatura, os Diálogos Imaginários de Nem vão direto ao ponto, sem rodeios ou delongas em assuntos que até poderiam se arrastar por horas e horas numa mesa de bar. Trata-se do bom e “velho” DNA Punk na veia (ou na impressão do papel, se preferirem), com suas letras/falas corrosivas e debochadas.

Indo além dos próprios diálogos narrativos, as ilustrações de JoJu complementam a obra, uma troca de ideias entre gêneros literários que, inclusive, põe na roda uma provocação sobre ilustração da capa, produzida por uma Inteligência Artificial.

Questionou-se sobre isso? Não se questionou? Imagine, experimente, se arrisque! Por que diabos utilizar dois estilos?

Há também os Outros escritos, conjunto de seis narrativas igualmente breves, um aperitivo para aqueles que duvidam da sua capacidade de contar uma boa história sem explorar tanto os diálogos (coisa que Nem não precisa provar para ninguém). E se nos diálogos encontramos uma bela homenagem em “Com meu pai”, o conto “Mulher acolhedora” presta uma tocante homenagem às mães vitimadas pelo coronavírus.

Aqui, em Diálogos Imaginários e outros escritos, somos todos nós, leitoras e leitores, mais um personagem esbarrando com Tosco Todo em alguma esquina, no ônibus, num show, no boteco do Vitão, ao telefone ou mesmo numa troca de mensagens pela internet. Quiçá realmente esteja aqui... espia só, vai que... e divirta-se!"

Nélio Silzantov

Nem e Nélio Silzantov

O livro teve uma resenha feita pelo escritor português, radicado em Vitória da Conquista, Luís Altério, da Editora Nzamba. Segue abaixo;

“Diálogos imaginários e outros escritos” de Nem Tosco Todo.

Posso afirmar que este livro é um dos mais originais que li, dos escritores da cidade, quiçá do mundo, pecando o próprio mundo ainda desconhecer este pequeno mas Belo Livro. Li-o numa manhã de sábado, só desgostando de o ter terminado tão rápido (pequeno volume).

A escrita em mãos é de uma simplicidade – diálogos concisos e enxutos – e de um realismo avesso a floreados barrocos e adjetivos chatos, que louvo e admiro. O nosso prosador é dos escritores desta envergadura de escrever o essencial, aliás, veia que tendo a seguir também nos meus escritos.... 

A escrita em mãos, portanto, não se subjuga ao mundo voraz do nosso século de Trampas de Melenas à Cuspe Javardo dos “states” e de Capitães de cloroquina cá do burgo e, ainda, de esquerdas amorfas e desnorteadas deste mundo carburado a Grande Capital.... 

Lendo aqueles pequenos diálogos, com estilo próprio, remete ao enfrentamento contra o mundo com altivez solitária como poucos... Lembra Iceberg Slim, John Fante e outros, e nos dias de hoje, Diego Morais ( de Manaus) por exemplo, como se a Dignidade fosse  o reduto a ser inegociável, e, se preciso for,  ser salva pela própria vida, para não ser somente mais um a lamber as botas frias e cínicas da Elite-Podre:

“ – Fala, Nem!

- Opa, na paz!

- Beleza. Rapaz, tem uma pergunta que queria te fazer.

- Fala aí.

- Quem é o personagem que você interpreta? É Nem Tosco Todo, ou você como cidadão comum?

- Eu faço o personagem do cidadão comum. Aquele que acorda cedo, vai trabalhar, bate ponto. Nem Todo Tosco sou eu real.

- Tipo uma dupla personalidade?

- Mais ou menos.

- E como você consegue administrar isso?

-Não consigo, é impossível!

- Ué, aí é contraditório.

- A vida é uma eterna contradição.

- Ah, legal.

- Não, isso não é legal!”

Com este diálogo, consegue encerrar toda a Filosofia sistematizada dos gregos até aos dias de hoje....  Com um simples diálogo, o escritor fez a proeza de ser um filósofo profundo, com toda aquela bagagem de cantor punk, de cidadão trabalhador, de marido e pai de uma menina encantadora: Herói como poucos! Por isso, Nem Tosco Todo tem toda a minha admiração!

Para terminar, uma lufada de Ar Fresco na Literatura contemporânea! Livre e mordaz, um livro feliz e encantador, na senda de “vagando por aí”, podermos ser ─ nós, leitores ─  livres e orgulhosos de vivermos um dia de cada vez, tal como Nem! Um acontecimento!"

                                                                                                                                            Luís Altério

Luís Altério e Nem

Outra amiga escritora, Juliana Sbrito, da Biblioteca Comunitária Donaraça, escreveu a respeito do livro de Nem;

"Levando um livro para passear

Mal saiu da mesa de lançamento, o livro "Diálogos imaginários e outros escritos", de Emanuel Moraes @nemtoscotodo (Editora Dando a Letra) já está no acervo da Biblioteca Comunitária Donaraça.

Com ilustrações de @jonjulio94 e prefácio de @neliosilzantov, o livro é um convite para uma pausa, parar tudo e mergulhar em seus diálogos diretos e sem enrolação. Nas palavras de Nélio:

"Se engana quem pensa que elaborar diálogos precisos, inteligentes, bem humorados e críticos, como os criados por Nem, é algo assim tão fácil e comum entre os ficcionistas".

Autores como Nem tornam a leitura hipnótica, pois não é possível começar e abandonar a obra sem ter concluído o mais rápido possível. Não se quer apenas ler, mas conhecer e também conversar com seus personagens e o próprio autor.

O mesmo acontece com as músicas da banda punk rock Cama de Jornal. É o que todos nós gostaríamos de dizer/cantar.

Ilustração da contracapa por JoJu. Foto por Juliana Sbrito

João Júlio, o JoJu, tem um traço único, personagens e contexto em movimento, vivos de uma maneira peculiar; envoltos por uma "poeira" que não está ali por acaso. Para saber do que estou falando, acompanhe o artista. Ele some de vez em quando, mas deixa suas provocações por aí.

Nem e JoJu

Preciso registrar também o belo trabalho gráfico de todos os livros de Nem, pois ele pensa o livro em sua totalidade. Fotógrafo, cantor e escritor independente, ele compreende que o trabalho e olhar coletivo enriquecem e ampliam a experiência estética. Nesse quesito, @thiagosuitem, do @estudioimbore, é parceiro constante. Contribuindo no livro com o projeto gráfico, editorial, capa e diagramação.

Nem e Thiago Suíten do Estudio Imboré

Até a Inteligência Artificial teve a sorte de receber indicações de como deveria ser a capa. Nem não tem medo e subverte as (des)razões de tudo e enfrenta a vida de forma punk.

Foto por Juliana Sbrito

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Agradecemos a generosidade de Nem, sempre atento ao movimento da Donaraça.

...

Também estão disponíveis na biblioteca Donaraça os outros livros publicados pelo autor (Selo Tosco Todo):

Vagando por aí (2019)

Estamos mais do que vivos (2023)"

Juliana Sbrito

Joju, Juliana, Nem e o escritor Josué Brito


sexta-feira, 24 de novembro de 2023

Coletânea traz clássicos brasileiros dos anos 70 em versão punk rock

Há muito tempo que não alimento esse blog tosco, pelos motivos mais variados e inimagináveis. Mas recebi um email com essa coletânea, e como estou de bom humor hoje (e olha que não tomei nenhuma cerveja), resolvi postar! O selo Grudda Records lançou nesta quinta-feira (23) um novo volume (ouça o primeiro volume aqui) da coletânea com versões punk rock de clássicos da música popular brasileira. Dezessete bandas independentes apresentam suas releituras para nomes como Chico Buarque, Tim Maia, Cartola, Raul Seixas, Rita Lee, Secos e Molhados, Jorge Bem Jor, As Frenéticas, Caetano Veloso, Jerry Adriani etc. Banda punk fazendo versão de bandas populares é novidade? Não. Ramones fez, Sex Pistols também! Lá fora isso já gerou coletas das mais variadas. Mas resolvi postar mesmo assim...


Segundo Felipe Medeiros, idealizador do projeto, “a coletânea tem como objetivo resgatar clássicos da música brasileira com uma roupagem voltada para o Punk Rock. É uma forma de provocar e indiretamente incentivar os fãs de rock a ouvirem compositores brasileiros que não necessariamente focam no estilo, mas que possam abrir a cabeça das pessoas para apreciar o talento e a beleza da música brasileira”. E continua. “Convidamos algumas bandas que fizeram parte do primeiro volume, e o projeto chamou atenção de outras que entraram em contato depois do lançamento dos anos 60's, por se interessarem pelo conceito criado, além de terem um estilo sonoro que segue a mesma linha. Acredito que todas as bandas fizeram um excelente trabalho e surpreenderam com muita criatividade nas suas releituras. É muito gratificante fazer um trabalho quando todos estão ativamente envolvidos para trazer o melhor resultado”, conta Medeiros.
Masterizado por Davi Pacote no Estúdio Hill Valley em Porto Alegre, “O Pop é Punk Vol 2: 70's” navega entre canções que vão desde o início da década de 70, em uma fase mais dançante, até as músicas que marcaram o duro período da Ditadura Militar, como é o caso de “Cálice”, do Chico Buarque.
Tem uma banda e ficou a fim de participar do próximo volume da coletânea? Entre em contato com a Grudda Records:
Ouça a coletânea e confira a lista completa das músicas e bandas participantes:
 
1. Intro
2. Davi Pacote - Cálice (Chico Buarque)
3. Rangones - Chocolate (Tim Maia)
4. Eu Primeiro - Sangue Latino (Secos e Molhados)
5. Estragonoff - Dancing - Days (As Frenéticas)
6. Maria Nicotina - Doce Doce Amor (Jerry Adriani)
7. Rooster - O Meu Mundo E Nada Mais (Guilherme Arantes)
8. Atox - Cuidado Com O Bulldog (Jorge Ben Jor)
9. F. Snipes - Senhora Tentação (Cartola)
10. Emersson Ramone - Eu Nasci Há Dez Mil Anos Atrás (Raul Seixas)
11. Rosa Tigre - Não me venda grilos (Odair José)
12. Os Horácios - Agora só falta você (Rita/ Tutti-Frutti)
13. Guilherme Leal - Porquê Você Já Não Me Mata De Uma Vez (Reginaldo Rossi)
14. Macão - Se ainda existe amor (Balthazar)
15. Janelles - Papai Me Empresta O Carro (Rita Lee)
16. Texugos - London, London (Caetano Veloso)
17. Os Ildefonsos - Música Lenta (Lilian)
18. Os ToRto - Será Que Eu Vou Virar Bolor (Arnaldo Baptista)

sábado, 3 de junho de 2023

Quem é Nem Tosco Todo?

Escritor/Compositor/Músico

Nascido em Vitória da Conquista, Bahia, Emanuel Moraes, conhecido como Nem Tosco Todo é vocalista da banda de punk rock Cama de Jornal e tem um projeto paralelo chamado Nem Tosco Todo e as Crianças Sem Futuro.
E foi através da sua história e da Cama de Jornal, que surgiu a ideia de escrever seu primeiro livro, a autobiografia "Vagando por aí", lançada em 2019.
Passando pela infância do autor até os mais de 20 anos de estrada com a sua banda Cama de Jornal, “Vagando por aí” retrata ainda a história por tras das gravações dos discos, DVDs e turnês realizadas pelo Brasil.
Em 2023 o autor lança seu segundo livro, um romance ficcional chamado “Estamos mais do que vivos”.
No momento, Nem Tosco Todo tenta finalizar seu terceiro livro, intitulado “Diálogos Imaginários”.
Inquieto, o autor tentou estudar Bacharelado em Fotografia na Faculdade Senac de São Paulo. Posteriormente iniciou em Vitória da Conquista a faculdade de Letras, pela UESB, mas ambos os cursos foram abandonados por motivos variados.
Nem também mantinha um blog de entrevistas, um programa de rádio e um selo independente de divulgação de bandas do subterrâneo.
E depois de gravar mais de 80 canções autorais ou em parceria, Nem agora tem se dedicado mais a literatura.
Vagando por aí
Nem Tosco Todo
352 págs.
2019

Estamos mais do que vivos
Nem Tosco Todo
92 págs.
2023