segunda-feira, 9 de novembro de 2020

Conheça artistas que tocam sozinhos

Você quer montar uma banda, mas não encontra quem toque baixo, guitarra, bateria? Ou até mesmo você toca um desses instrumentos e não acha um cantor que se encaixe em seu projeto de banda?
Que tal tocar tudo sozinho? Parece impossível?
Não, não é. A postagem de hoje aqui no blog Tosco Todo é pra te mostrar que sim, é possível. Há muito tempo já existia quem fizesse tudo sozinho. Vamos a história.
Primeiro temos que falar de Jesse Fuller, bluesman do início do século passado que pode ser considerado uma das primeiras one-man bands modernas, ou seja, um cara que tocava sozinho, mas que soava como uma banda. Ele inventou um baixo tocado com pedal, e deu a invenção o nome de fotdella. Ele usava um suporte de gaita, e também utilizava pedais para tocar baixo e outro para fazer a marcação com a bateria.
Jesse Fuller era um inovador, começou tocando em bares de São Francisco. Fuller nasceu em Jonesboro, no estado da Georgia, perto de Atlanta. Ainda pequeno, a mãe de Jesse o deixou aos cuidados de parentes, numa localidade rural onde ele passava fome e era maltratado. Quando cresceu, trabalhou em uma infinidade de sub-empregos: foi peão, engraxate, biscateiro, entre outras coisas.
Jesse Fuller e seu baixo com pedais.
Jesse nunca havia trabalhado profissionalmente como músico, embora andasse sempre com seu violão debaixo do braço, tocando por dinheiro e passando o chapéu. Quando tentou tocar com uma banda, não se adaptou porque havia nascido para ser uma "banda de um homem só".
Mas tocando em clubes e bares de San Francisco, Jesse Fuller foi ganhando popularidade, aparecendo em um programa de televisão local e, em 1958, lançou seu primeiro disco batizado de "Jesse Fuller: Jazz, Folk Songs, Spirituals & Blues".
Sua música “You’re No Good” foi gravada por Bob Dylan em seu primeiro disco e o Greateful Dead também gravou algumas, incluindo "The Monkey and The Enginner" e "Beat it Down the Line".
Veja uma aparição rara de Jesse na TV.
A partir daí, muita coisa aconteceu, a tecnologia e novas invenções ajudaram muito os músicos solitários. Inclusive aqui no blog, já postei alguns artistas que tocam sozinhos, como o The Solitaryman Monoband e Caio Cobaia, que grava todos os instrumentos na gravação dos seus discos. E vou agora deixar uma pequena lista aleatória, com alguns artistas que tocam sozinhos. Vamos nessa!
Molly Gene por Jessica Calvo
MOLLY GENE
Pra começar, vou falar de uma mulher. É, apesar do termo One Man Band ser mais difundido, as mulheres quando se envolvem com alguma coisa, na maioria das vezes, faz melhor!
Warrensburg é uma cidade localizada no estado americano de Missouri, no Condado de Johnson. É de lá que vem Molly Gene. Sua principal influencia para a música foi a sua avó, que tocava para Molly, músicas de Jerry Lee Lewis ao piano da família. Posteriormente, teve a influencia do irmão, que tocava em uma banda de rock and roll. Logo em seguida, montou uma banda com três amigos, onde era a vocalista. Depois de perder o irmão, de forma trágica, ela vai para a faculdade, mas sempre que via um palco, com microfone aberto, tomava conta do espaço. Após ganhar uma espécie de tambor, como uma bateria que se tocava com os pés todas as peças, Molly começa a viajar tocando sozinha pelos EUA e pela Europa. Após anos tocando a bateria com os pés, ela teve um problema grave no joelho, que a impede de tocar, fazendo com que precisasse da ajuda de um músico para acompanhá-la a partir de 2019. Fora dos palcos, ela virou professora de Ioga e tenta curar seu joelho e sua mente, afetada agora, principalmente, por conta da pandemia do Covid-19. Assista Molly Gene em ação no video abaixo;

DR Crazy - One Mad Band
Dr Crazy One Mad Band é de São Paulo e segundo ele mesmo "é o monobanda e cientista louco que foi abduzido por alienígenas e recebeu a missão de espalhar pelas galáxias um estilo musical único conhecido por Space Trash Blues ou Alien Blues". Se isso é verdade, não cabe a mim investigar. Mas ele também usa uma bateria de pé construída sob encomenda "com tecnologias recebidas diretamente dos alienígenas". Além da bateria de pé, os gráficos que são projetados durante a performance também foram desenvolvidos por Dr Crazy com "tecnologias recebidas durante uma abdução alienígena".
Pedais "alienígenas" de DR Crazy
Dr Crazy One Mad Band lançou em janeiro de 2018 o primeiro CD chamado Homeless Dog, com 5 músicas. Em 2017 fez 24 shows na Europa, tocou na Alemanha, Espanha, Suíça e República Checa, abrindo os shows do grupo Lord Bishop Rocks.. Em 2018 voltou para Europa, foram 15 shows em 45 dias, principalmente pelo leste europeu. Dá o play!

Hombre Lobo Internacional
HOMBRE LOBO INTERNACIONAL
Em muitas cidades distantes existe a lenda de um homem-lobo, uma lenda de um estranho homem mortal com o cabelo e as presas de uma fera sobrenatural. Todas as noites de lua cheia você pode ouvir seu uivo arrepiante, tambores batendo, guitarra cortante, som selvagem e primitivo de rock'n'roll. Depois de se tornar uma lenda em sua cidade natal, onde é conhecido como Hombre Lobo Internacional, ele embarcou em uma turnê mundial da Espanha à Itália, do Canadá à Áustria, de Portugal à França, da Suíça à Romênia.
Hombre Lobo Internacional surgiu na Espanha em 2013, mas segundo ele "na verdade tudo começou muito antes, quando 'hombre lobo' foi mordido pelo Blues , Rythm´n´Blues e Rock'n'Roll quando ainda era criança".
Esta verdadeira fera do rock'n'roll toca bateria com os pés, guitarra elétrica com as mãos e uiva ao mesmo tempo. Em 2014, ele começou "The Full Moon Tour", tocando suas próprias canções originais em todas as noites de lua cheia. Esta turnê o levou por toda a Espanha e Itália e, em seguida, por muitos outros países como Portugal, França, Suíça, Áustria, Romênia e Canadá.
E Hombre Lobo esteve no lendário Castle Bran, o castelo oficial do Drácula na Transilvânia, como parte do monstruosamente fabuloso “Festival da Trashylvania”.
Depois de vários albuns lançados, o mais recente lançamento, novamente com o selo "Family Spree Recordings", é o novo álbum "Bigger Blue Suede Shoes". Dá o play!

Black Voodoo
BLACK VOODOO
Black Voodoo é um projeto da cidade de Mariana-MG, formada por Douglas Michael Vieira, que toca guitarra, bateria e voz. Segundo Douglas o Black Voodoo surgiu "com o intuito de trazer ao público um universo musical, visual e cultural diferente, tanto no modo, quanto na forma de fazer. Com sonoridade inspirada em velhas lendas e nomes do blues rural e rock'n roll primitivo, misturado a sonoridades pouco convencionais como o Rockabilly, Psychobilly, Voodoo Rythm, Surf Rock, Garaje Rock, Primitive Rock, e outras bizarrices em geral." Dá o play!

Mentecripta One Man Band
MENTECRIPTA
Thrash-pop de um cara só, Arthur Amorim, direto de Ribeirão Preto-SP. Segundo Arthur "o Mentecripta One Man Band foi formado em 2018 após o show do Dr Crazy One Mad Band (olha ele aqui de novo) no Antro em Ribeirão Preto no mesmo ano, e é claro também após juntar no mesmo caldeirão outras referências mundiais como Marco Butcher, Dead Elvis, Molly Gene, Lone Wolf, Trash Colapso. Ver a bateria do Dr Crazy One Mad Band ao vivo, em forma de pedais, me catapultou a fazer e gravar meu próprio som, com influências diversas, apenas com o que eu tinha em mãos, um Cajon e um Chimbal, que são os instrumentos foot drums (bateria com os pés) que eu permaneço tocando até os dias atuais". Dá o play!

Ricardo Cesar
RICARDO CESAR
Ricardo Cesar é um músico independente da cena de Fortaleza-CE. Já fez parte de bandas como Os Intrusivos, dentre outras bandas. 
Durante a quarentena o músico cearense aproveitou para exercitar o lado "faça você mesmo" e gravou no melhor esquema one-man-band e com pouquíssimos recursos, apenas com um celular.
Buscando referencias de The Ronettes até o Velvet Underground, o disco conta com onze músicas. Dá o play!

Então, isso é só uma amostra do que tem de gente fazendo seu som, nos mais variados estilos, sem colocar dificuldades, e sem se preocupar com o que os outros vão dizer, simplesmente fazendo! Faça você mesmo!!! Essa é a lei!

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